segunda-feira, 30 de maio de 2011

Por que o gelo gruda na mão?
Maria Franzolin Valera, Marília, SP
As mãos, mesmo quando são enxugadas, ficam um pouco úmidas. Quando se encosta os dedos numa superfície fria, abaixo de 0ºC, as gotículas de água sobre a pele congelam e os dedos parecem grudar. Se a mão estiver bem seca, isso não ocorre. Ao se pegar um cubo de gelo a 0ºC, o calor da mão derrete um pouco do gelo, formando-se uma camada de água líquida que funciona como isolante. Comprove, fazendo uma experiência: encoste a parte macia de uma esponja de limpeza nova na superfície metálica de um congelador. Ela não irá grudar. Depois, faça o mesmo com uma esponja um pouco úmida. Ela irá grudar no gelo porque a água retida na superfície se congela. 

 
Mão seca não gruda
A água derretida isola a mão dos cubos de gelo

A– Com a mão úmida
As gotículas de água sobre a pele congelam rapidamente e o gelo gruda nos dedos

B– Com a mão seca
O calor da mão derrete o gelo. Forma-se uma camada de água, que isola a mão do cubo
Fonte: Peter Tiedeman, professor do Instituto de Química da USP

quinta-feira, 12 de maio de 2011

A ventilação do cupinzeiro

Os cupinzeiros têm sido chamados de maravilhas da engenharia, e por bons motivos. Essas estruturas impressionantes, feitas de terra e saliva, podem chegar a 6 metros de altura. Suas paredes de 45 centímetros de espessura são cozidas pelo sol até ficarem tão duras como concreto. Alguns cupinzeiros são construídos literalmente da noite para o dia.
Perto do centro do cupinzeiro, mora a rainha, que pode pôr milhares de ovos por dia. Sem asas e cegos, os “cupins operários” carregam os ovos para cavidades especialmente construídas. Ali, eles cuidam das larvas ao passo que elas eclodem. Mas a maior maravilha do cupinzeiro talvez seja seu sistema de ventilação.

Repare no seguinte:

Num cupinzeiro encontra-se cerca de 2 milhões de cupins vivendo embaixo do solo criam um problema, o ar em volta deles torna-se um ar quente, e os cupins precisam de uma forma de conectar o ar subterrâneo com o ar fresco acima, com um sistema de ventilação. Uma série de câmaras e galerias mantém o interior do cupinzeiro numa temperatura constante, apesar de as condições externas variarem. Por exemplo, no Zimbábue, África, a temperatura externa pode variar de 2 graus Celsius à noite a mais de 38 graus durante o dia. Mas a temperatura interna permanece 31 graus. Por quê?
Respiradouros estrategicamente situados na parte inferior do cupinzeiro permitem que o ar fresco entre, enquanto o ar viciado quente é expelido pelo topo. O ar mais frio entra no cupinzeiro por uma câmara subterrânea e circula através das passagens e cavidades. Os cupins abrem e fecham os respiradouros para ajustar a temperatura conforme a necessidade. Uma temperatura constante é essencial para os cupins cultivarem o fungo que é seu principal alimento.
O projeto do cupinzeiro é tão impressionante que uma tecnologia parecida foi empregada por arquitetos em um prédio de escritórios no Zimbábue.

O Eastgate imita o cupinzeiro

O Centro de Eastgate é o maior escritório do país, um complexo comercial  que  se encontra na cidade Harare, em Zimbábue, tem uma arquitetura verde e ecologica. O projeto é de autoria do arquiteto Mick Pearce,  em parceria com a ARUP engenharia. Este edificio não possui um sistema convencional de ar-condicionado ou sistema de aquecimento, mesmo assim, mantém ao longo de todo o ano sua temperatura regulada com uma economia significativa no consumo de eletricidade, tudo graças a um design que seguiu os princípios da auto- refrigeração dos cupinzeiros.
O Eastgate Center, tem um estrutura de concreto, funciona de forma similar aos cupinzeiros. Como? A ventilação que entra no edifio é resfriada ou aquecida, a depender do que estiver mais quente, o ar ou o próprio concreto da edificio. É, então, canalizada para os escritórios ou para o próprio centro comercial, antes de o ar sair pelo sistema de exaustão natural (similar a uma chaminé). Trata-se de um conjunto que engloba duas edificações separadas por um espaço aberto, com iluminação zenital e aberto à ventilação local.
Este novo sistema ecológico implementado no Eastgate Center consome, de forma incrivel, menos de 10% da energia que um prédio convencional de seu tamanho costuma consumir. Contribuiu para que os donos salvassem cerca de 3,5 milhões de dólares no empreendimento, isso também resultou em que os inquilinos tivessem rendas mais baratas, cerca de 20% inferiores aos dos ocupantes dos edifícios circundantes.
Quem poderia imaginar que os projetos criados pelos cupins são uma boa solução de controle climático, mas também o caminho mais rentável para os seres humanos a funcionar em um contexto de outra forma desafiadora?